"Cal Viva" nasce duma
visão que se impõe do Sul. A constituição geológica do Algarve é atravessada
por um veio calcário, e os fornos de cal, em tempos importantes, delimitaram uma fortaleza imaginária,
onde os castelos são os fornos nos quais a pedra se transforma em cal, e as
muralhas são esse mesmo veio calcário, a matéria-prima do branco. E o branco
torna-se arma e linguagem. O casario retoma a sua cor e a sua forma a cada
caiação. A cal viva mas inorgânica morre ao ser misturada na água, e retoma
vida através dum conjunto de práticas que constituem o processo da caiação.
"Cal viva" quer experimentar o encontro entre os “novos caiadores” –
os artistas- e os habitantes/ usuários
das paredes em que este material ainda é usado e todos aqueles que desconhecem
a tradição ligada à caiação.
A
cal é um material com características muito diversas – limpa, preserva, reforça
e embeleza as paredes. Para os que a usam ou usaram constitui também um
elemento importante de ligação à casa, à família, às lembranças – o tempo de
caiar, a cal derregada e cuidadosamente preservada para usar ao longo do ano ou
no ano seguinte, as camadas de cal sobrepostas, como um substrato arqueológico
auto-criado.
Partindo
da tradição da caiação, um grupo de artistas irá produzir um conjunto de
intervenções temporárias que se concretizarão em diferentes médiums – vídeo,
performance, escultura, pintura, desenho ou instalação – na Residência Artística (de criação) de decorrerá de 09 a 12 de Março.
Serão
organizados também em Março – nos dias 09, 10 e 11 - um conjunto de
encontros/conversas- um por dia- que versarão sobre o trabalho artístico dos participantes da residência - no
dia 09 - e sobre as tradições da caiação e da construção com materiais
tradicionais com a participação de alguns convidados (arquitectos, mas não só) nos outros dois dias - 10 e 11.
Nos dias 08 e 09 de Abril as obras e instalações temporárias, resultantes da Residência Artística, estarão no espaço público na zona histórica de Aljezur (entre as 11h00 e as 17h00).
"Cal
Viva" é um projecto concebido e produzido por Conceição Gonçalves, Ana
Celorico Machado e Susana de Medeiros da Associação Tertúlia e integra o
programa 365 Algarve.
(Consultar cartaz e notas biográficas dos artistas e convidados em anexo)
Conversas/Encontros
à volta da Cal
Convidados
Notas biográficas
10 MAR, 6ª feira
Henrique Schreck
Em
1972, ingressei na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, no
curso de pintura. Tendo mudado para Arquitectura, acabei a licenciatura em
1980. Profissionalmente trabalho desde 1977, primeiro no GPA, dos Arq.s
Maurício de Vasconcelos e Luis Alçada Baptista e depois no atelier do Arq.
Bartolomeu Costa Cabral. Por um acaso do destino, acabei por me fixar no
concelho de Odemira, em 1984, onde iniciei a actividade em profissão liberal e
criei o primeiro atelier de Arquitectura desta vila. No final dos anos 80, tive
o primeiro contacto com a construção em terra, ao recuperar antigas
construções; com base nessa experiência,
e com aprendizagem com velhos taipeiros, comecei a projectar e construir
em terra, preferencialmente em taipa. Desde então desenvolvo projectos nas
áreas de habitação turismo, indústria,
restauração e lazer. Paralelamente aprendi e faço instrumentos musicais.
Nos últimos anos dedico uma parte do tempo à pintura.
Manuela Rosa Caneco
Nasci em Barao de S. Miguel. Até ao ano de 2000 assinei Manuela Rosa,
conciliei-me com o passado e passei a ser Manuela Caneco. Contra tudo e contra
todos fui para Lisboa trabalhar e estudar Arte, no comeco dos anos 70 do século
passado. Aconteceu o 25 de Abril de 1974 e foi o último dia de Belas Artes.
Havia uma revolução a viver e a fazer...foi maravilhoso! Fiz muitas
exposicoes fora e dentro do país. Individual e colectivamente. Ensinei arte em muitas
escolas. Acredito plenamente na educação pela Arte,
como forma de ajudar crianças, jovens e
adultos a viverem melhor e a serem mais felizes, por isso a priviligiei, assim
como as relacoes humanas. Para mim, só o património humano e social trará um melhor
futuro.
Sofia
Trincão
Estuda
Comunicação e Realização Plástica do Espectáculo. Na área do Cinema trabalha em
documentários realizados por José Álvaro de Morais, Joaquim Pinto e Sérgio
Treffaut. Realiza, em conjunto com Óscar Clemente, dois documentários: Praia da
Lota e Praia de Montegordo. Este último obteve vários prémios em festivais
internacionais de Cinema (na Turquia e na Eslovénia, por exemplo). O último
filme que realiza mergulha nas pinturas de Leif Lonne, artista e músico de
origem norueguesa e, na vida privada do mesmo marcado por episódios de
internamentos psiquiátricos.
11 MAR, Sábado
Marta Santos
Arquitecta, Doutoranda em
Arquitectura, Conservação e Restauro (FAUL), Mestre em Reabilitação da
Arquitectura e Núcleos Urbanos (FAUL), Pós-graduada em Património Cultural
Imaterial (ULHT).
Integra
as Equipas de Investigação Científica, no Projecto FCT LNEC DB-HERITAGE
“Database of building materials with historical and heritage interest” (2015) e
o Projecto FCT LNEC LIMECONTECH - "Conservation and durability of
historical renders: compatible materials and techniques" (2012).
Integrou as equipas do Gabinete
Técnico de Apoio às Aldeias do Algarve - Barlavento (2002 - 2003) e Sotavento
(2006 - 2007), CCDR Algarve – Município de Albufeira / Projecto MITR
Metodologias de Intervenção e Técnicas de Reabilitação (2004 - 2006) e Museu
Municipal de Tavira (2008 - 2011).
Tem-se
dedicado à interpretação e investigação da paisagem cultural e da arquitectura
vernácula da região do Algarve, tendo resultado na edição, em co-autoria, das
publicações “Património Rural Construído do Baixo Guadiana” (2004), “Materiais,
sistemas e técnicas de construção tradicional: contributo para o estudo da
arquitectura vernácula da região oriental da serra do caldeirão” (2008),
“Cidade e Mundos Rurais. Tavira e as sociedades agrárias” (2010) e “TASA -
Técnicas Ancestrais, Soluções Actuais” (2012).
José Lima
José
Lima é arquitecto (FA-UL, 2000) com especialização em Reabilitação da
Arquitectura e Núcleos Urbanos (FA-UL, 2009). Entre 2005 e 2015 foi Assistente
Convidado no Mestrado Integrado em Arquitectura do Instituto Superior Manuel
Teixeira Gomes, em Portimão. Actualmente desenvolve trabalho de investigação
para doutoramento focado no tema do contributo dos rebocos de terra para a
regulação da humidade dos ambientes interiores dos edifícios (FA-UL, em
parceria com FCT-UNL e LNEC)
Enquanto arquitecto desenvolve
projectos e execução de obra nos domínios da construção sustentável, da
reabilitação urbana e da conservação do património vernacular construído, com
especial enfoque nos materiais e sistemas construtivos tradicionais.
Dedica-se regularmente à concepção e
realização de workshops e projectos pedagógicos, para o público infantil e para
o público geral, no âmbito das técnicas tradicionais de construção e materiais
sustentáveis.
Susana Calado
Martins
Nasceu em Loulé e completou os estudos na
Universidade do Algarve, onde em 2012 defendeu a dissertação de Mestrado em
História do Algarve, dedicada à antiga produção artesanal de cal na região.
Actualmente trabalha na área do turismo cultural e criativo e, entre outros
projectos, desenvolve a rota Caminhos da Cal e do Barro.
Artistas
em Residencia
Notas
Biográficas
Ana
Celorico Machado
Mestre em Antropologia Social, tendo
estudado na Universidade Nova de Lisboa e na Universidade de Paris V como
bolseira do governo francês. Foi investigadora do Centre d' Études Tsiganes de
Paris, professora adjunta na Universidade do Algarve e Visiting Scholar da
University of Massachusetts at Amherst. É co-autora de artigos e livros
sobre os ciganos em Portugal, tendo posteriormente trabalhado nas áreas da
Museologia e da Antropologia da Paisagem. Depois de se instalar na Costa
Vicentina, co-fundou e co-dirigiu a Escola Livre do Algarve. Dedica-se
actualmente à escrita, tradução e projectos de investigação ligados à história
local e à etnografia. Foi uma das convidadas nos projectos de Susana de Medeiros Até Onde a Vista
Alcança e Fresh Wi(n)dow - homenagem a Marcel Duchamp
I e II. Integra a exposição colectiva Peregrinação - a partir
dos painéis de S. Vicente na Fortaleza de Sagres (2015) integrada no
programa DiVam.
Ângelo
Gonçalves
Licenciado
em Artes Visuais pela Universidade do Algarve. Faz parte do colectivo
Policromia sendo fundado a galeria de Arte contemporânea Farpa. Colabora com a
Armação do Artista em Tavira na construção de adereços teatrais e direção
cenográfica.
Utiliza
diversos médiuns tais como desenho, instalação, pintura, escultura e
performance, servindo-se dessa mesma multidisciplinariedade com um propósito:
expôr certas e determinadas injustiças sociais e ambientais pois acredita que a
Arte têm o poder de salvar o Mundo e deve fazê-lo. Tem desenvolvido os seus projectos colectivos
e individuais em diferentes espaços tais como: Centro Cultural de Lagos,
Festival MED, Loulé, Espaço +, Aljezur, Galeria Municipal de Tavira, Experimenta
Design-No Borders, Lisboa, Galeria Trem, Faro, Museu do Trajo - São Brás.
Gustavo
Jesus
Licenciado
em Artes Visuais e Mestre em Comunicação, Cultura e Artes (Estudo da Imagem)
pela Universidade do Algarve. Frequenta o MobileHome em Loulé. Artista plástico
multidisciplinar – utiliza como mediuns a fotografia, o vídeo, a escultura ou a
instalação. Participa num projecto colectivo, com a curadoria de Nuno Faria, no
Museu Municipal de Faro, no âmbito do Allgarve e no Palácio da Galeria,
Tavira (Desenvolvimentos Emergentes). Desenvolve diversos projectos expositivos
de carácter individual na Galeria Trem em Faro, na Galeria do Convento do
Espírito Santo em Loulé, entre outros.
João
Couto C.
É
formado em Fotografia (2004) e em Cinema (2015) pelo Ar.Co, Lisboa. Em 2013
venceu o prémio Melhor Curta Experimental no Arquiteturas Film Festival com o
filme “Why don’t we change?”. Colaborou
com a enciclopédia fotográfica "Inventário do Espaço Público: a Praça em
Portugal". Expôs em Portugal, no Reino Unido, Alemanha, Espanha, Brasil e
noutros países. Realizou e produziu o documentário "A Raiz do Medo"
na Índia e no Nepal, em 2010. Em 2015 fez uma cobertura extensiva da crise dos
refugiados na Europa, durante a qual a Getty Images destacou uma das suas
fotografias, captada na fronteira da Croácia com a Sérvia.
Sofia
Trincão
Estuda
Comunicação e Realização Plástica do Espectáculo. Na área do Cinema trabalha em
documentários realizados por José Álvaro de Morais, Joaquim Pinto e Sérgio
Treffaut. Realiza, em conjunto com Óscar Clemente, dois documentários: Praia da
Lota e Praia de Montegordo. Este último obteve vários prémios em festivais
internacionais de Cinema (na Turquia e na Eslovénia, por exemplo). O último
filme que realiza mergulha nas pinturas de Leif Lonne, artista e músico de
origem norueguesa e, na vida privada do mesmo marcado por episódios de
internamentos psiquiátricos.
Susana
de Medeiros
Licenciada
em Direito pela Universidade de Coimbra e em Artes Plásticas pela actual
ESAD_CR (anterior ESTGAD - Caldas da Rainha), é também bacharel em Belas Artes
pela Universidade de Nottingham Trent, Nottingham, Inglaterra. Frequenta várias
(curtas) formações na área da dança contemporânea (com Madalena Vitorino, Clara
Andermatt, Filipa Francisco, entre outras coreógrafas) e na área da cerâmica
(no C.R.A.T no Porto, na Oficina de Angra, Angra do Heroísmo, Terceira, Açores
em parceria com o A.R.C.O e a Universidade de Boston, e na Academia de Belas
Artes de Riga - Departamento de Cerâmica, Letónia). Desenvolve vários projectos
de educação não formal em artes visuais e performativas e em cinema. Lecciona
no ensino universitário. Integra a Xerem e a Tertúlia. Entre os locais onde
desenvolveu projectos como artista plástica destacam-se Cuenca (Espanha),
Maputo (Moçambique), Nottingham (Inglaterra), Nova York (E.U.A.), São
Petersburgo (Rússia) e Portugal. Artista multidisciplinar (desenho, escultura,
vídeo, fotografia e instalação), cujo trabalho procura lançar pontes entre
diferentes linguagens e meios expressivos.
Catarina
Nunes
Repartiu
a sua formação entre a licenciatura “Design – Tecnologia Cerâmica” pela
ESAD-CR, e o mestrado de “Cerâmica Contemporânea” na Tama Art University,
Tóquio com uma bolsa do Monbukagakusho. Estudou ainda “Design de Cerâmica e Vidro”
na University of Central England, Birmingham.
Dedicou
grande parte do processo criativo à pesquisa e compreensão das possibilidades
físicas e de significação do material cerâmico. No caminho percorrido no Japão
surge uma nova relação com o mundo. O estudo da cerimónia do chá,
intrinsecamente relacionado com a filosofia Zen e o Wabi-Sabi, abriram portas à
colocação de questões relacionadas com a confrontação e aceitação da
efemeridade da matéria escultórica.
Durante
muito tempo a sua inspiração estética prendia-se a uma sensibilidade aquática
já que passou grande parte da vida perto da costa ou em vários contextos
insulares (Algarve, Açores, Japão, Inglaterra). Recentemente, em residência
artística, percorreu o Deserto da Namíbia, onde surge uma nova ramificação
exploratória que conduz a sua inspiração para o vento, a aridez, e as
superfícies rochosas.
Foi
expondo regularmente desde 1998 em exposições colectivas e individuais onde
se
destacam: 2016 "Novos graus de sigilo" Sociedade Nacional de Belas
Artes, 2016 “Arte próxima” CCAM de Catalunya (Barcelona), 2015 “Tulipamwe”
Namibia National Art Galery, 2014 Bienal de Artes Plásticas de Coruche e
“Flumen” Museu de Coruche (Portugal), 2009 Bienal Experimenta Design, 2006
“Efémero” e “Cem titulos” Setagaya Art Gallery (Tokyo), 2006 Aichi Prefectural
Ceramic Museum (Japão), 2005 Bienal de cerâmica Manises (Espanha).
Nos
seus projectos pessoais e profissionais tem vindo a explorar as áreas da
escultura, da instalação e da educação pela arte.
Leonor
Morais
Finalizou
o curso de pintura, desenho e gravura na faculdade de Belas Artes de Lisboa e
realizou um projecto individual no Ar.co (Centro de Arte e Comunicação Visual)
dando especial enfoque ao desenho e à gravura. Terminou o curso de Shiatsu com
Gill Hall na escola Ameba em Torres Vedras. Trabalha no sentido de envolver
mais o corpo no processo artístico e na união de diferentes áreas de expressão.
Trabalhou no Serviço Cultural e Educativo do Centro Cultural de Cascais, nas
Expressões Artísticas na Ludoteca de Bicesse, no projecto Grau Zero (Workshops
para bebés) e no projecto pessoal de formação intitulado Geografias Pessoais.
Exposições : 2015 Desenho no Caminho, Cinco/ Contemporary Art /Site Specific,
Cascais/ 2014 7 Days / 7 Artists, Art Distric, Cidadela, Cascais /2012 Influx
Contemporary Art, Lisboa / 2010 “ Flor del Mundo” Intervenção na fachada de um
prédio, Lisboa / 2010 Cascais Artspace,“ The Fountain”, Cascais / 2010 “The
Fountain”, Ermida de S. Mauro, Sta Maria, Açores / 2010 Wind, Espaço ao cubo, Lisboa
/ 2009 “Life essentials”, Artwhino, E.U.A / 2009 “This is the end”
Artecontempo, Lisboa/ 2009 “Cascais Artspace”, Cascais / 2009 “Yourself Nature”
Waves and woods, Lisboa / 2009 “Are you having a crisis?” Hospital Júlio de Matos, Lisboa / 2009
Encounters, Yron Lisboa / 2008 Eurocultured, Manchester / 2008 Contemporary
Printmaking, Museu de História Natural, Lisboa / 2006 Musatour, Barcelona,
Tokio, Lisboa / 2006 AR.CO (Centro de arte e comunicação visual) C.C.B Lisboa /
2005 AR.CO (Centro de Arte e Comunicação Visual), Almada / 2004 FBAUL, CCC
(Centro Cultural de Cascais).
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